segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Angustia das separações: Tomates ralados à catalã

É assim, minha gente a vida é cheia de perdas, partidas e desencontros.

Eu sempre tive grandes dificuldades com as separações dos meus amados. Quando criança, eu adoecia, quando meu pai viajava. Na juventude, com tudo arranjado para um intercâmbio na California, não consegui partir e me separar dos meus. Já casada, ao viajar a trabalho por este mundão afora,  por inúmeras vezes, sentia um buraco tão grande na barriga que, passados uns 5 dias de trabalho, fazia de um tudo para voltar para casa e me encontrar com o meu marido e  com os meus filhos. E mais, meu coração partia, diariamente, sempre que eu deixava meus bebes no maternal para poder trabalhar. Tratam-se de alguns poucos exemplos desta minha dificuldade com as separações

Separar dos amados, por pouco tempo que seja, é doído para todos nós, eu sei. Mas creio  que eu sou meio exagerada nesse quesito. Sei lá! Me comporto como um queijo suíço, cujo leite, sua matéria prima, talha, amadurece, cura e continua cheio dos buracos.  Buracos das minhas separações.

Hoje mais buracos estão se formando. Sei que se tratam de separações temporárias, saudáveis e edificantes. Mas não adianta, buraco é buraco, poço de angústia e de aflição.

Tenho lá os meus truques para despistar essa situação e não me afundar nos buracos. Promovo encontros...Por exemplo, um almoço de despedida para os queridos que estão de partida, oferecendo uma feijoada completa.

A que eu fiz ficou deliciosa, apesar da inusitada trabalheira. Na ausência da minha ajudante, fui eu que preparei a tal, depois de longo e tenebroso inverno distante de tal alquimia. Desatualizada que estou em tal preparo, apanhei demais! Cozinhei os embutidos sem tirar pele, a qual, nos dias de hoje, é sintética. Que ódio!!! Ao provar a delícia, estranhei. Putz, tive que retirar as "peles" de todos os pedaços, antes de servir. Eu cozinho bem, mas... piso na bola, de quando em vez!  Portanto, atenção, paios e linguiças defumadas, não ficam mais contidas naquela tripa de porco como antigamente... Hoje é plástico, um horror! Vejo que sou muito antiga...

Como entrada e sobre fatias de pão italiano, servi tomates frescos ralados, bem temperados, dentre outras leves delícias. Recebi tal dica da minha amiga Lísia.  Trata-se de uma versão moderna, prática, versátil e deliciosa de uma das tapas catalãs denominada "Pa Amb Tomàquet".

Eu ralo no ralo "grosso" 6 tomates maduros limpos, partidos ao meio, até liberar totalmente a sua casca/pele, a qual é descartada. Tempero-os com sal, pimenta do reino ralada na hora, muito azeite extra virgem, um tantico de açúcar e dois dentes de alho amassados. Tal preparo pode ir sobre uma um pão semi torrado (á catalã), com base de bruschetas, com tempero de salada de carnes e peixes. Dura um bom tempo na geladeira. Um verdadeiro achado! como sabidamente sou uma lerda com as imagens do que produzo, mostro abaixo uma emprestada da internet, preparada em ralo fino.
 No ralo fino, não é tão saboroso e nem tão prático. Mas a cor é a mesma.

Na ultima refeição que servirei aos queridos que partem, vou preparar um Bacalhau à lagareiro, já que o bacalhau, é a preferência nacional daqui de casa. Vou usar grossos files de um autêntico Bacalhau do Porto.



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