terça-feira, 13 de setembro de 2011

Comida boa, saúde boa 1 : Petiscos

Trago por minha vida afora a fama de acreditar que tudo se resolve pela comida. Minha família se espanta com o meu prazer em comer e com a minha preocupação com aqueles que não sentem o mesmo prazer. Confesso, acho que quem não tem tal prazer, está mal. Então gente, não é fama, é a pura realidade saúde para mim é igual a comer bem e prazeirosamente.

Desde de menina eu funciono mediante aos estímulos alimentares. Ter fome, seguido do desejo de comer e do consequente prazer, ou pelo contrário, a inapetência e a indiferença por sabores, explicam o meu grau de saúde e o dos meus amados. Se alguém não tem fome, comeu sem prazer e nem sente desejo de qualquer delícia, no meu mundo, está mal de saúde. Exagero, eu sei. Mas sei também que quem está bem de saúde, física e mental, apura sua capacidade de saborear os alimentos com prazer... e sem dó nem piedade!.

Lembro-me aqui do João Ceschiatti, que ainda criança frequentava a cozinha da minha avó. Por lá ele deve ter aprendido as maravilhas culinárias italianas e espanholas, numa cozinha das antigas, em que os ingredientes por lá chegavam, aos balaios trazidos nos lombos de burros. O João era um grande homem de teatro, mas para nós, da família ele era muito mais que isto. Era um grande amigo cozinheiro, que tinha um restaurante privê montado em sua própria casa no Barro Preto. Só os poucos e bons amigos, tinham o privilégio de se deliciar com as delicias do João. Eu tive este privilégio.

A história do João me marcou não só por sua convivência com meus pais, minha avó e tios, mas também por  sua doença terminal, um câncer na boca, que dele tirou o prazer do paladar, daquela alma marcada por sabores. Triste! Mesmo assim, antes de morrer ele serviu a minha família, nos idos da década de 80, um sensacional jantar: casquinha de siri ( nunca tinha visto isto na minha vida), camarões VG grelhados  e muitas outras coisas que nem me lembro o sabor. Mesmo assim, jamais me esqueci dessa história e nem do seu clima.

No último sábado preparei um almoço dos deuses para os meus convidados e  muitas delícias para os amigos que por minha casa passaram buscando boas notícias. As notícias eram muito boas, à altura das minhas delícias. Gente, a um certo momento, eu me vi, feliz da vida, às voltas com umas vinte pessoas queridas circulando em minha casa.

Nestes momentos, eu me inspiro na história da minha família acolhedora e, agora, na do João, que também é "cria" desta história.

Servi de entradas, com ótimos pães italianos e franceses, um maravilhoso palmito confit ( aqui), conserva de pimentões vermelhos e amarelos ( são assados com casca até ficarem escuros, descascados, picados e temperados sal, azeite extra virgem e alho descascaso e amassado), cebola caramelizada ( roxa, em rodelas, cozidas até quase desmanchar em azeite, açucar mascavo, sal, pimenta do reino, suco de limão e vinagre balsâmico);tomatinhos confit (aqui), dentre outras delícias. Vejam só as fotos abaixo.

 Palmito fresco confitado


cebola caramelizada

 conserva de pimentões


tomatinhos confitados

Ainda gostaria de repassar o cardápio do almoço. Mas este post está longo por demais. Em breve, posto a segunda parte dele.

2 comentários:

  1. Maria Inês Bizzotto Soares18 de setembro de 2011 às 21:01

    Olá, Cláudia.Há algum tempo tenho lido seu blog e não fiz nenhum comentário. Gosto de lembrar dos casos que vc conta de pessoas da família em especial de seu pai. Hoje lendo sobre o Ceschiatti senti vontade de escrever. Gosto muito do seu jeito de escrever e ainda mais de suas receitas. Gosto, tb , muito de cozinhar. Não sou tão refinada como vc mas sinto um prazer imenso em misturar produtos e a quimica deles fazer surgirem delícias que encantam. Dê abraços nas primas e em sua mãe. Bjs da prima Maria Inês

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  2. Maria Inêz, que alegria ler seu comentário! E que ótimo que você gosta das histórias que eu escrevo sobre nossa família. Saudades dos velhos tempos, da minha querida tia Quelota. Procurei a Suzana recentemente à busca da receita de mantecatos da nossa vovó, na esperança que a minha tia tivesse.Tenho muitas histórias que envolvem esta preparação e não gostaria que ela ficasse esquecida de todos. Se você souber fazer, posta aqui para que eu possa compartilhar com amigos e fazer ela ser eterna. Grande bj

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