terça-feira, 2 de agosto de 2011

A solidariedade e os quiabos refogados, sem a sua baba

Tenho um histórico de amizades solidárias de dar inveja a qualquer um.

Descobri a solidariedade com meu pai, desde de que eu sei quem eu sou e que eu sou humana. Ele era o "the best" nesse quesito. Mais tarde e ainda muito novinha, senti na pele e entendi o que isto significava, com minha própria experiência, a partir do exato dia de 31 de março de 1964, quando meu pai foi preso ( aqui).

Ao final deste dia, ao saber dessa prisão, eu, minha mãe e minhas irmãs fomos socorridas pelos vizinhos inesquecíveis ( da casa do grande prof Aires da Matta Machado Filho). O filho mais velho da casa, em sua Rural Willis, nos levou em fuga, para a casa de inesquecíveis tios e inesquecível avô, que nós acolheram, a despeito dos riscos e dos incômodos inerentes à situação,  os quais, convenhamos, eram muitos.

Nesse processo, já viram, né? A família de mulheres era grande, não dava para todas ficarem em um abrigo só. Ressalto, que a partir daí nos tornamos uma família dividida em presença e vivência, ainda que por pouco tempo cronológico. Mas nos tornamos uma família unida, para sempre, pela solidariedade.

Neste momento tão difícil para nós e para os outros, que se envolveram, sem escolher participar desta história política do meu pai (meu avô, por exemplo, era contra o meu pai na política, mas nesta situação de perrengue, mesmo sendo o sogro e não o pai dele, relevou...), eu entendi o que era ter de uma forma tão acolhedora, o carinho solidário de tantos. E, vejam, foi um processo de três meses, marcado por um apoio incondicional de familiares e amigos que "despistadamente"( para também não serem presos) nos auxiliavam em tudo: na ajuda emocional e financeira, no cuidado com os nossos bichinhos, com as nossas plantas e com a nossa casa... tudo isso deixado para trás, por contigência.

PAUSA PARA O MOMENTO EMOÇÃO, ai, ai... saudades daquelas, dentre essas pessoas, que já se foram. Queridas!

Lágrimas controladas, vamos lá...

É como eu sempre digo: a vida é boa e segue. A minha seguiu bem, com muitos momentos incríveis de manifestações solidárias inesquecíveis, em outras várias situações difíceis que eu passei. Muitos de vocês sabem disto e sabem também que, graças a esses momentos, muito do que seria um inferno, virou alegria. Graças a presença solidária de muitos. É verdade! não é Polienisse não!

Neste domingo, tive um almoço primoroso na casa da minha irmã queridinha, que nos serviu um franguinho refogado e um angú sensacional, preparado com o fubá do Bichinho, huuuuum. Eu adoro a simples e saborosa comida mineira, céis sabem!

A grande coqueluche do dia foi o quiabo feito pela amiga Sil, prato esse que, segundo ela, numa manifestação solidária e giga-carinhosa, foi oferecido ao meu marido. Obrigada, querida, de coração! O quiabo dela, gente, é inigualável, não baba e é caprichadíssimo em seus sabores.

Lembro-me aqui do meu amigo Lical, que já articulou discussões acaloradas (inclusive publicadas na Veja, há priscas eras) sobre a melhor forma de cortar o quiabo, para evitar a sua baba.

A Sil (assim como o Lical), os corta lindamente, bem lavados e secos, na diagonal, jeito esse indicado para cortar qualquer legume, não apenas pela beleza estética, mas também porque se evita a perda de seus nutrientes. À parte, ela pica bem petitinho, um tanto de : pimentão vermelho e amarelo sem sementes, tomates sem sementes e cebolas. Reserva tudo, separadamente.

Ela põe para esquentar um tanto de azeite, em uma imensa frigideira, em fogo altíssimo, de modo que a mesma fique quase "em brasa". Aí sim, vem a hora de colocar os quiabos picados e deixa-los ali, esquecidos, SEM MISTURAR COM QUALQUER COLHER ( o grande macete para não babar) e tampa. De vez em quando, ela dá um tremilico na frigideira, para não queimar nada no fundo.

Depois de "selados" os quiabos, ela os tempera com sal, junta os outros legumes picados na frigideira e tampa, sem misturar, só treme a panela, de vez em quando.

E aí é aquela história de espetar o garfo e provar os pedacinhos do paraíso, para verificar se estão no ponto que é: quiabos crocantes, tenros e deliciosos. Uma verdadeira iguaria!Vejam só na imagem abaixo.


São os quiabos sem a baba, oferecidos ao meu marido,he, he, he...


5 comentários:

  1. Que tal reunimos tb para um "Quiabo Babento"
    Lembra-se?

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  2. Irmã queridinha, seria ótimo. Este "Quiabo Babento" também é demais!

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  3. Uma vez, lá no sítio do Daniel no Bação, na beira do fogão a lenha estávamos preparando uma comidinha bem mineira. Pretinha mexia a panela do frango enquanto a gente cantava e tocava. Nesse dia comemos o melhor frango com quiabo de baba de Preta do mundo!!!!!! Inesquecível!!!!! Mas agora, Cláudia, com essa receita, vou me arriscar no quiabo. Só falta aprender a fazer o angú!

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